quinta-feira, 2 de abril de 2015

Da antiga.

Hoje eu acordei um pouco dona Carlota.
Carlota, a ciganinha desgarrada de quem me falava a minha avó.
Há tantos anos.
Avó do avô do avô da minha avó. É tempo que eu não sei contar!

Características de dona Carlota, que eu encontro nas mulheres fortes do sangue que ela passou.
Esse andar insidioso, esse riso faceiro.
Esse não precisar ler mãos, porque do futuro a gente sabe. A gente sabe que a Deus pertence, mas que Ele nos dá dicas, ah, Ele dá.
Essa herança de pouca valia que nos faz. Esse olhar por baixo dos cílios, a altivez do queixo, a sorte no jogo da vida.
Essa vida que nos é próspera simplesmente porque não falta amor.

Colorido nas roupas, colorido nos lábios.
Vejo ciganices de séculos atrás florindo na vida seca da nossa selva de concreto.
Sou um pouco Calon, sou um pouco Roma.

Salve Santa Sara, hoje mais que nunca rogo sua proteção!

(São Paulo, 07 de março de 2015)

Nenhum comentário:

Postar um comentário