E sentia que cada
célula do meu corpo vibrava só de ouvir teu nome.
Evitava falar
sobre nós duas. Evitava pensar em nós duas. Morria de medo de que alguém
percebesse esse amor tão escondido, mas tão latente.
Você sumiu da
minha vida há muito tempo e levou tudo com você. Chorei por uma semana, depois
jurei que nunca mais derramaria uma lágrima por sua causa... Não sei se você se
lembra, mas eu sou boa nisso de promessas. Costumo cumpri-las, porque não
suporto a ideia de que minha palavra foi dada em vão.
Quando sequei tudo
o que aquela tempestade molhou, prometi que seria outra. E, por um tempo,
realmente fui.
Só que você
voltou. Voltou bagunçando tudo, colocando o teto de ponta-cabeça, arrastando
tudo com esse furacão que você é. E eu quase, mas muito quase, me entreguei a
essa doce loucura que é estar contigo. Mas algo me impediu e não foram seus
defeitos nem todas aquelas lágrimas que eu derramei.
O problema
(problema?) é que eu me olhei no espelho. Vi minha boca pequena, meus cabelos
agora curtos e claros, meus olhos ligeiramente rasgados e esse sorriso meio de
lado que só apareceu quando eu me reconstruí depois de você. Reparei nos cinco
quilos que ganhei e também nas pequenas marcas de expressão que já começaram a
surgir no meu rosto apesar da pouca idade. Observei atentamente a altivez do
meu queixo, o desenho do meu nariz, minhas orelhas um pouco pontudas.
Coloquei um
vestido roxo decotado e vi que, sim, eu sou sensual e não importa o que digam
as revistas. Não importa o que disse você há pouco mais de um ano, quando
reapareceu por um segundo para tentar quebrar meu coração novamente e sumir
logo em seguida.
Eu olhei para os
livros em minha mesa, tão diferentes daqueles que eu lia na sua época. Olhei
para os CDs na prateleira, todos com músicas que marcaram alguma parte da minha
vida. Passei os olhos ao redor e vi meu quarto pequeno, mas cheio de mim: a
cama de solteiro com o urso que ganhei da minha irmã; a imagem de Santa Bárbara
na cabeceira; a oração a Santa Sara emoldurada na parede e, pairando acima de
tudo, um filtro dos sonhos.
E aí eu descobri
que não te amo. Que você não se encaixa.
Olha bem para a
mulher linda que eu me tornei. Aprende comigo a juntar os pedaços do que já foi
e seguir em frente.
Eu pensava que
devia continuar te amando só porque te amei durante muito tempo. Pensava que
não conseguiria seguir sem você. Tolice! Bobagem!
Mais do que
descobrir que não te amo: eu descobri que amo a dona da imagem refletida no
espelho do meu quarto. Com todas as falhas, com todas as cicatrizes, com cinco
quilos a mais e o sorriso meio de lado.
E tenho certeza de
que agora que eu me percebi, estou pronta para ser percebida por outras
pessoas.
Do nosso amor não
me arrependo e a você só tenho a agradecer. Pode ser que nos encontremos em
outra esquina, quando você descobrir que não me ama. Talvez aí a gente volte a
se amar. (Mas quem vai saber?)
Da antes sua
Bárbara.
(São Paulo. Escrita em 19 de janeiro de 2014.
Já foi postada aqui, mas apaguei quando da reformulação do blog.)
(São Paulo. Escrita em 19 de janeiro de 2014.
Já foi postada aqui, mas apaguei quando da reformulação do blog.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário