Não tem jeito: deixa as palavras saírem uma vez e elas não
aceitam mais viver dentro de você. Elas se embolam na sua cabeça, gritam por
dentro de ti e quase te levam à loucura e aí, não importa se sua mão direita
está imobilizada e você tem prova no dia seguinte: você só tem paz quando as
deixa escapar pela mão esquerda para aparecerem logo em seguida na tela do
computador (mesmo que isso leve o dobro do tempo que levaria se a mão direita
estivesse boa).
Eu só queria pedir decência. Não cometa o erro de outrora – não me
prometa o que não pode cumprir.
As feridas todas estão latejando. Tô trocando de pele, tô trocando de sonhos,
refazendo meus planos e cuidando do essencial. Então, não interrompa. Deixa o
tempo passar, que ainda tem muito de você em mim e não tenho vergonha de
dizê-lo. Deixa estar, que ainda estou voltando pra casa - não interrompa.
Eu só queria pedir: não faz de mim poema, porque sei que posso fazer isso sem
sua ajuda – posso fazer sozinha. Eu nunca soube escrever verso, sinto muito!,
mas minha prosa também tem poesia.
(São Bernardo do Campo, 22 de julho de 2014)
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