segunda-feira, 9 de abril de 2018

Desabafo

Esse é um texto sem pretensões literárias, é puramente um desabafo.
Há alguns meses eu escrevi um texto sobre viver com depressão.
Daquele tempo pra cá algumas coisas mudaram (a base de muito suor e lágrimas, diga-se de passagem).
Encarar as doenças psicológicas realmente como DOENÇAS (e não como frescura, como "deprê") foi o primeiro passo para resolver os problemas que elas causaram e lidar com os que elas ainda causam. Perder o preconceito com o uso de antidepressivos foi primordial. Entender a terapia como um tratamento que vai me trazer melhoras a longo prazo... Tudo isso foi um aprendizado árduo.
Em um ano muitas pessoas se afastaram de mim ou eu me afastei delas... Eu simplesmente não queria ser um fardo. Ninguém realmente quer saber quando foi a última vez em que você teve uma crise de choro "sem motivo" e eu entendo: realmente, ninguém precisa lidar com nossas dificuldades.
Mas muita gente boa se aproximou de mim também. Estar internada com outras pessoas "loucas" como eu me abriu para um mundo completamente novo. E completamente lindo.
É tão bonito se aceitar. É tão bonito aceitar seus tropeços, seus defeitos, seus medos. Mas não foi fácil, não É fácil (e aqui eu mando um beijo pra todas as pessoas que conheci nessa batalha: VOCÊS SÃO INCRÍVEIS!).
Eu sou como um bebê: às vezes tenho medo de estar sozinha no escuro, às vezes me assusto fácil, às vezes não quero sair da cama. Mas como um bebê que vai assimilando o mundo, eu estou aprendendo a estar no meio de gente de novo, a falar a mesma língua... Recuperando o hábito da leitura, sentindo prazer ao ouvir uma música de que eu gosto.
Quando você se propõe a fazer análise você nunca imagina que vai cavar tão fundo dentro de si que vai encontrar feridas que nem imaginava que existiam! Trabalhar com o público é difícil, mas eu não sabia que achava tão difícil assim. Começar uma vida a duas é difícil. Lidar com a família é difícil.
Eu sempre guardei tudo pra mim. 22 anos de mágoas acumuladas, uma hora ia ter que explodir... Eu nunca soube me abrir, então hoje não sou delicada ao falar.
Eu vejo as coisas erradas e quero resolver na hora, porque não quero guardar mais nada pra mim: a mente e o corpo botam pra fora uma hora ou outra e não é de um jeito delicado.
Não tenho mais vergonha dos meus problemas, não quero a pena de ninguém (mas às vezes ainda preciso da compreensão), fazer análise dói e faz chorar mas ajuda a cicatrizar algumas coisas dentro da gente e tá tudo bem precisar de um colo de vez em quando.

(11 de março de 2016, no Facebook)

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