segunda-feira, 9 de abril de 2018

Mais um dia normal em SP

Vocês pensam antes de falar?
Estou há alguns dias avaliando se valia a pena escrever sobre isso.
Não é segredo pra ninguém que eu sofro de depressão. Eu voltei a trabalhar há alguns meses, depois de aproximadamente um ano em crise (tendo, inclusive, estado internada em uma clínica psiquiátrica por 20 dias).
Existem dias insuportáveis. São os dias em que as horas não passam ou passam rápido demais, dias em que eu estou irritável, dias em que eu quero ficar sozinha e dias em que não aguento a minha própria presença. Nesses dias, a sensação de ser um fardo é constante.
Nesses dias, me levantar, escovar os dentes, comer e sair para trabalhar são violências que eu cometo contra mim mesma. Dói. E eu chego em casa esgotada. Não é cansaço, o que me falta é energia vital. Eu posso dormir 12h, 15h e a bateria não vai recarregar. Então eu olho pra louça que precisa ser lavada, pra roupa que precisava ser estendida no varal, pro cachorro que precisa tomar banho... Tenho vontade de chorar, porque eu quero resolver tudo, mas a vida corre em uma velocidade muito mais veloz do que eu. Estou sempre correndo atrás.
Eu sempre achei meio clichê a frase que diz que devemos ser gentis porque não sabemos que batalha os outros estão enfrentando dentro de si.
Vou tomar a liberdade de responder a pergunta que eu fiz no começo: vocês não pensam antes de falar.
Essa semana, uma mulher que não me conhecia me disse: "Você não serve pra nada. Pra que você tá aqui? Não serve pra nada."
Eu estou há dias tentando digerir.
Já tentei inventar muitas desculpas: ela trabalhou o dia inteiro e estava cansada, ela estava com problemas em casa para resolver, ela poderia estar sentindo dor e dor deixa a gente meio ignorante mesmo, às vezes ela nem queria falar isso.
Mas a verdade é que não tem desculpa. A verdade é que eu não quero desculpar porque estou há um ano lutando, dia após dia, para me convencer de que eu sou importante, de que eu sou inteligente, de que sirvo, sim, pra alguma coisa ainda que agora eu não saiba exatamente pra que.
Eu não pude resolver o problema dela porque não sabia como ajudar. Ela provavelmente foi embora se sentindo leve por ter descarregado a frustração dela em uma babaca de uniforme dentro da bilheteria e, com certeza, já me apagou da memória dela. Eu estou há dias tentando reparar as rachaduras que as palavras dela me causaram.
Não estou falando de "mais amor, por favor". Estou falando de respeito e empatia, que são muito mais básicos.
Hoje eu acordei chorando. Agora eu estou chorando.
Mas amanhã vai passar. E, se não passar amanhã, eu ainda tenho depois e depois e depois e depois... Eu sobrevivi a todas minhas crises, cheguei ao final de cada dia por pior que ele fosse.
Se as pessoas não nos respeitam, que, pelo menos, a gente se respeite e se orgulhe das nossas vitórias. Mesmo que sejam pequenas e que tenham sido difíceis de atingir.
Hoje eu não queria, mas consegui sair de casa e vir pro serviço. Então, parabéns pra mim: Bárbara, você está fazendo um ótimo trabalho!

(19 de junho de 2016, no Facebook)

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