segunda-feira, 9 de abril de 2018

Desbridamento

Separação é desbridamento.
Os meus dias tem sido esse eterno retirar de tecidos mortos e preparar do leito da ferida para a recuperação.
Dói. E sangra. E cansa. E às vezes eu não sei o que fazer com tanta coisa que eu sinto.
Eu preferia que fosse uma úlcera na pele, porque talvez se as pessoas vissem entendessem melhor.
Separação é luto. Morreram meus planos, minha rotina e um pedaço de mim que era "nós".
Agora sou só eu. Eu, os bichos e uma nova rotina. Espero que, em breve, novos planos para substituir os antigos.
Eu não quero parecer repetitiva, mas acho que toda separação é. A gente tem que tomar posse de si, dessa terra seca onde parece que nunca mais nada vai brotar e tem que lembrar de cuidar dela e plantar coisas boas com esperança de que vai chover um dia, mesmo que não tenha uma única nuvem no céu.
Tem um sol escaldante sobre mim, eu sou solo rachado, o ar a minha volta tem cheiro e gosto de poeira. E a ferida tá latejando.
Mas todos os dias eu me lembro de trocar as ataduras.


(13 de novembro de 2017, no Facebook)

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